sexta-feira, 8 de junho de 2012

Modelo psicossocial de desenvolvimento pessoal de Erik Erikson

Erik Erikson, nascido a 15 de Julho de 1902, em Frankfurt, na Alemanha, criou o modelo psicossocial de desenvolvimento pessoal.
Erikson dizia que a energia que orienta o desenvolvimento é essencialmente de natureza psicossocial.
A partir do seu modelo, Erikson vem dar um grande contributo à psicologia do desenvolvimento, falando também em Estádios de Desenvolvimento, referindo-se a oito estádios, sendo que cada um tem em conta aspectos biológicos, individuais e sociais.
Cada estádio contribui para a formação da personalidade total (princípio epigenético), sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar. Pelo facto de cada criança, durante o seu crescimento, ter um ritmo cronológico específico, não se deve atribuir uma duração específica a cada estádio.
Em cada estádio manifesta-se uma crise (que apesar de existir noutros estádios, será mais proeminente nesse estádio específico), que tem raízes nos estádios anteriores e que é vivida em função de aspectos biológicos, individuais e sociais.

 Em cada estádio existem duas alternativas:
Quando o estádio evolutivo é satisfatoriamente alcançado, o produto será uma personalidade saudável;
Quando não é atingido satisfatoriamente, o resultado será uma personalidade emocionalmente imatura ou desajustada.

 O resultado obtido em cada estádio, seja evolutivo ou não, permite ao indivíduo a aquisição de sentimentos como confiança, mestria, autonomia, iniciativa ou, pelo contrário, falta de confiança, sentimentos de inferioridade, de culpabilidade, vergonha e dúvida.
“O termo crise não é perspectivado com carácter dramático, mas (...) para designar um ponto decisivo e necessário, um momento crucial, quando o desenvolvimento tem de optar por uma ou outra direcção, escolher este ou aquele rum, mobilizando recursos de crescimento, recuperação e nova diferenciação”
                                                                                                                      Erikson

Confiança vs Desconfiança (0-18 meses)
Neste estádio, o relacionamento com a mãe, primeira figura de relacionamento e de maior importância após nascimento, é da maior importância, sendo que é através deste relacionamento que a mãe irá transmitir ou não segurança à criança, adquirindo ou não esta confiança em relação a si e a tudo o que a rodeia. A falta de amor, carinho ou resposta às suas necessidades pode levar a criação de medos e sentimentos de desconfiança, podendo mesmo levar a criança à distorção sensorial e mais sentir-se retirada. No caso inverso poderá levar a alcançar as virtudes básicas que Erikson atribui a este estádio, esperança e fé.
Então, o bebé se for bem alimentado e acarinhado, desenvolverá um ambiente agradável e seguro, em relação a si e ao que o rodeia, sendo que terá mais facilidade de adaptação a pessoas e situações futuras.



Autonomia vs Vergonha e Dúvida (18-3 anos)
Este estádio caracteriza-se por uma contradição entre os impulsos e as normas sociais que a criança tem de começar a integrar e, ainda, por uma altura de muita exploração do mundo e do seu próprio corpo. Esta sente-se bem quando pode exercitar as suas capacidades motoras: correr, puxar, empurrar, segurar, largar, abanar, morder. A criança deve ser estimulada e não se deve atuar com demasiada rigidez, pois a criança pode desenvolver problemas de vergonha e dúvida.
Assim, a criança poderá desenvolver virtudes básicas como a vontade e a determinação.

Iniciativa vs Culpa (3-5/6 anos)
Este estádio caracteriza-se por ser um prolongamento do estádio anterior, pois a criança já começa a ter noção do que pode ou não fazer.
A criança começa a ter consciência de individualidade e experimenta também vários papéis nas brincadeiras de grupo, imitando bastante os adultos.
Com a aquisição de novas capacidades intelectuais, como o pensamento e a linguagem, a criança começa a explorar outras formas da realidade, podendo atingir, as virtudes básicas deste estádio, a finalidade e a coragem.

Mestria vs Inferioridade (6-12 anos)
Este estádio decorre na idade escolar e é fundamental que a criança tenha boas “bases” dos anteriores estádios (confiança, autonomia e iniciativa), sem as quais não se conseguirá afirmar ou sentir capaz, levando a que se sintam inferiores. Tal acontece, porque nesta fase a criança sonha com o seu próprio sucesso.
Se a criança se sentir capaz, empenhe-se com um prazer enorme e agradável em qualquer trabalho que lhe seja proposta, alcançando a base deste estádio, a mestria.
O sentimento de inferioridade, alcançada por não se conseguir afirmar, pode levar a bloqueios cognitivos e descrença quanto às suas capacidades.

Identidade vs Confusão (12-18/20 anos)
Este estádio ocorre na adolescência, período durante o qual o adolescente se apercebe que é um ser único, mas que está inserido num determinado meio social onde tem diversos papéis a
O adolescente terá facilmente uma boa identidade se tiver adquirido as bases de estádios anteriores, enquanto no caso contrário, o adolescente terá dificuldade em ser um membro funcional da sociedade, por não perceber quem realmente é e o que realmente representa nela.
Os estádios anteriores serão, mais uma vez, influenciáveis na forma como se vivencia esta crise.

Intimidade vs Isolamento (18/20-30/35 anos)
No caso de as virtudes básicos dos estádios anteriores terem sido alcanças, o agora adulto está preparado para estabelecer laços sociais caracterizados pelo bem-estar, amizade, partilha e confiança.
A vertente negativa deste estádio será a incapacidade de estabelecer relacionamentos e assumir compromissos, levando ao isolamento.
Generatividade vs Estagnação (30/35-60 anos)
O termo generatividade designa o comprometimento em relação ao futuro e à nova geração. A afirmação pessoal do adulto é desenvolvida através das preocupações com os jovens, o seu bem-estar e o desejo de contribuir para um mundo e sociedade melhor.
A vertente negativa deste estádio é a centração nos seus interesses próprios e superficiais o que pode contribuir para o indivíduo à estagnação nos compromissos sociais, à falta de relações exteriores e até mesmo ao egoísmo.

Integridade vs Desespero (a partir dos 60 anos)
O último estádio ocorre a partir dos 60 anos e é uma fase da vida em que o indivíduo “olha para trás” e reflecte muito sobre o que fez, durante todas as mais diferentes fases da vida.
Caso faça um bom “balanço” das suas acções, mesmo não cumprindo todos os sonhos, dá-se a integridade.
A vertente negativa será mesmo a frustração e o desespero, se o indivíduo sentir que a sua vida que a sua vida foi pouco produtiva ou sucedida e que se calhar deveria ter dado mais de si, ou seja, um maior contributo para o mundo. O indivíduo renega a vida, apesar de saber que já não há nada a fazer.


Na nossa opinião, Erikson deu um grande contributo e bastante credível para o ramo do desenvolvimento na psicologia, sendo estes estádios bastante caracterizadores das diferentes fases da vida.
Uma má adaptação a esta crise poderá dar origem a danos irreversíveis no ser vivo, por isso a cada dia, no desenvolvimento de cada indivíduo, deverá alcançar-se uma resolução benéfica para evitar complicações no futuro, quando já  há pouco a fazer. Pois, afinal de contas, “É de pequenino que se torce o pepino".

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