Muita gente pensa que senso comum é o saber dos que não estudam a fundo
os temas, dos que não investigam sistematicamente… Senso comum não é
característica de uma pessoa ou grupo de pessoas, está presente em qualquer um,
até o mais reconhecido dos cientistas possui senso comum.
O senso comum é um saber que nasce da experiência quotidiana, da vida que
os homens levam em sociedade. Tudo o que necessitamos para podermos
orientar-nos no dia-a-dia (como comer à mesa, acender a luz de uma sala, como
fazer uma chamada telefónica, apanhar o autocarro) constitui o senso comum. É algo
que se adquire quase sem se dar conta, desde a mais tenra idade.
O senso comum é:
1.
Subjectivo;
2.
Imediato e direto (interpretações a partir dos
aparelhos sensoriais, das motivações e esquemas culturais);
3.
Diverso e heterogéneo (varia em função do
sujeito que o elaborou);
4.
Dogmático e não crítico;
5.
Empírico;
6.
Assistemático;
7.
Ametódico;
8.
De carácter coletivo (partilhado por uma
sociedade);
9.
Superficial.
E, por vezes, são formuladas considerações como: i. Um jovem chega ao
mundo com um sentido inato do bem e do mal;
ii. As crianças ruivas têm temperamentos mais explosivos do que as
loiras; iii. As crianças-prodígio têm
tendência a ser fisicamente fracas e inadaptadas; iv. Os lábios finos são sinal
de crueldade numa criança; entre outras.
São considerações, por vezes, que determinado grupo acredita por lhe ter
sido mostrada no dia-a-dia. Pode ser verdade algumas vezes, como o contrário
também será verdade diversas vezes, não se podendo, nesse caso, formular uma
regra.
A ciência, por sua vez, é menos crédula e procura através do raciocínio
frio e dos métodos experimentais a comprovação daquilo que os sentidos nos
mostram.
Podemos
definir o conhecimento científico como:
1.
Objectivo;
2.
Sistemático;
3.
Rigoroso e homogéneo;
4.
Aberto (processo em constante revisão);
5.
Racional;
6.
Verosímil;
7.
Polémico (contraditório face às teses do senso
comum);
O seu dinamismo faz o conhecimento evoluir e acaba por fecundar o
conservadorismo do senso comum, dando-lhe, por vezes, novas ideias difíceis de
aceitar, mas que aos poucos se vão enraizando.
Assim, ciência e senso comum constituem dois pólos de um mesmo fenómeno:
o conhecimento. Diferentes, mas indissociáveis. Andam sempre de mãos dadas,
oferecendo evolução uma à outra.
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