segunda-feira, 4 de junho de 2012

Desenvolvimento Moral (Kohlberg)


Lawrence Kohlberg estudou o desenvolvimento moral do ser humano através de uma série de investigações com crianças e jovens dos EUA, do México, da China (Taiwan), da Turquia e da Malásia (Atayal).

Concluiu que a evolução do seu raciocínio se dá por diferentes fases. Apesar de os adultos poderem raciocinar como as crianças, estas dificilmente raciocinam como os adultos, o que significa que existem diferentes níveis que se vão atingindo. Assim, Kohlberg dividiu o desenvolvimento moral em três níveis (cada um com dois estádios), tal como mostra o quadro seguinte:

Nível
Estádio

Caracterização da orientação social
Pré-convencional
(baseado em punições e recompensas)
1
obediência e punição
(obediência a regras para evitar a punição)
• Ponto de vista egocêntrico. • “Não-eu”: não distingue entre o seu eu e o ambiente. • Não reconhece que os outros tenham interesses próprios.
2
individualismo, instrumentalismo e troca (Obediência a certas recompensas para os favores serem devolvidos)
• “Eu”: as minhas necessidades, o meu ego. • Satisfazemos as nossas necessidades. • Os outros que façam o mesmo. • Distingue os seus interesses dos outros.
Convencional (baseado na conformidade social)
3
moralidade do “bom rapaz / linda menina”
(conformidade para evitar desaprovação ou não gosto por parte das outras pessoas)
• Orientação para a integração e para agradar aos outros. • Conformidade com os estereótipos sociais.
4
lei e ordem – moralidade da manutenção da autoridade
(conformidade para evitar censura por autoridades legítimas, com a culpa resultante)
• Orientação para o respeito da ordem e da autoridade e para o que a sociedade espera de nós.
Pós-convencional
(baseado em princípios morais)
5
contrato social - moralidade de contrato, direitos individuais e lei aceite democraticamente
(respeitar leis da terra ou bem-estar comunitário)
• Compreensão da reciprocidade. • Respeito pelos contratos entre pessoas e entre instituições. • Interesse genuíno pelo bem estar dos outros e pelo bem colectivo. • Consciência do maior bem para o maior número (colectividade, democracia).
6
consciência de princípios - moralidade dos princípios individuais da consciência (respeitar princípios éticos universais)
• Princípios éticos eternos e universais. • Justiça, dignidade humana. • Os princípios universais estão acima da lei.




Pegando no dilema seguinte: "É mais importante salvar a vida de uma pessoa importante ou de um numero grande de pessoas que não são importantes?".

Apresentado a Tommy, quando ele tinha 10 anos, foi obtida a seguinte resposta:

"De todos que não são importantes, porque uma pessoa tem apenas uma casa e pode ter também móveis mas um número grande de pessoas terá uma quantidade grande de móveis e pode ter bastante dinheiro". No caso, Tommy, no estádio 1, confunde o valor da vida humana com o valor dos bens que possui.


Aos 13 anos, diante do dilema: "De um médico praticar a eutanásia, deixar morrer uma mulher doente que não tem cura para livrá-la de sua dor?" Tommy respondeu: "poderia ser bom aliviar sua dor mas o marido não iria querer, não é como o caso de um animal. Se um bicho de estimação morre você pode continuar sem ele, pois não é algo que você realmente necessita".

A resposta é do estádio 2, sendo o valor da vida relativo ao valor instrumental para seu marido o qual não poderia substituí-la tão facilmente quanto a um animal de estimação.


Aos 16 anos ele diz: "Não sei. Por um lado é assassinato, não é direito ou privilégio do homem decidir quem deve morrer ou viver. Deus coloca vida em alguém e você estaria destruindo algo sagrado; em algum sentido você está destruindo uma parte de Deus. Há algo de Deus em cada pessoa". Aqui pode-se assinalar o estádio 4. O conceito de vida em termos de sagrado e em termos de uma ordem moral ou religiosa. O valor da vida humana é universal, mas ainda dependente de algo mais, do respeito à autoridade de Deus. Pode-se imaginar que, se Deus ordenasse a Ricardo matar como ordenou a Abrahão, ele o faria.


Aos 24 anos Ricardo diz: "O ser humano tem precedência sobre qualquer valor legal ou moral. A vida humana tem um valor inerente a ela, seja ou não valorizado pelo indivíduo”.
Ricardo mostra um julgamento do tipo do estádio 6 (o valor da vida humana acima da lei).

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