terça-feira, 3 de abril de 2012

Secret of the Wild Child (Criança Selvagem)

Uma das temáticas abordadas durante as aulas foi a controvérsia hereditariedade vs meio. Tivemos oportunidade de ver um documentário que incide nesta questão.

Uma criança ficou trancada num quarto, amarrada numa cadeirinha por mais de 10 anos, passou os dias sentada e sozinha. Foi descoberta pelas autoridades de Los Angeles em Novembro de 1970.
Ficou conhecida por Genie, e uma série de cientistas demonstraram interesse em estudar o caso.
Genie poderia ser a prova de que um ambiente carinhoso pode apagar o mais terrível dos passados.
As indicações que tinham eram de que ela era espancada se fizesse barulho, por isso aprendeu a não vocabulizar.
Estudos desenvolvidos com Genie revelaram uma atividade anormalmente elevada durante o sono. Isto despertou uma questão que duraria anos: o cérebro de Genie foi danificado pelos anos de abuso ou tinha retardamento mental desde que nasceu (como alguns cientistas alegavam devido à sua elevada atividade cerebral durante o sono)?
Outra questão que se punha era a existência ou não de uma idade crítica para aprender a linguagem. Poderia uma adolescente aprender a falar?
Foram evidentes os progressos relativos à linguagem ocorridos com Genie, colocando-se a hipótese de não existir um período crítico para aprender a linguagem.
Porém, a falta de resultados práticos (devido à má orientação da investigação) levou o estado a cortar o financiamento e as pesquisas foram abandonadas.
Genie melhorou ao poder relacionar-se com pessoas, mas… Terá sido a investigação eticamente bem conduzida?
Inicialmente, a ideia que dá é que os cientistas quiseram estudar a criança no sentido de a integrar na sociedade e de a tornar uma criança perto do normal, mas parece-nos que os interesses da investigação foram por vezes colocados à frente do bem-estar de Genie.
Todos quiseram ficar com ela e essa disputa não foi benéfica para a sua evolução cognitiva.
No tempo que passou com Marilyn e a família, a melhoria foi significativa, mas em certas situações Genie foi demasiado forçada a dar respostas, existiu pressão excessiva no processo de aprendizagem de Genie. Também a confrontação com o passado foi profundamente negativa para a criança e uma ideia completamente desadequada da parte do investigador.
Apesar das críticas que se possam fazer do ponto de vista ético, é legítimo dizer que a única vida que teve Genie foi enquanto esteve na companhia dos cientistas.
A má condução da investigação levou a que fosse cortado o financiamento ao caso e Genie deixasse de ser acompanhada. Outro ponto discutível é o alheamento dos cientistas logo que o financiamento foi cortado; aqui parece-nos que não foi tida em conta a vida da jovem e a sua inclusão num jardim-de-infância é perfeitamente desadequada.
Do ponto de vista científico, as questões centrais da investigação terão ficado sem resposta. No decurso da investigação, com a evolução de Genie, pairou a ideia de não haver uma idade crítica para aprender a linguagem.
Uma criança como Genie poderia aprender o vocabulário, mas nunca tão elaborado como uma criança normal e com menos evoluídos processos cognitivos associados.
Quanto à origem do retardamento mental, muitos deram a sua opinião, mas nunca se conseguiu chegar a uma resposta concludente.

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