Uma criança ficou trancada num quarto, amarrada numa
cadeirinha por mais de 10 anos, passou os dias sentada e sozinha. Foi
descoberta pelas autoridades de Los Angeles em Novembro de 1970.
Ficou conhecida por Genie, e uma série de cientistas
demonstraram interesse em estudar o caso.
Genie poderia ser a prova de que um ambiente carinhoso pode
apagar o mais terrível dos passados.
As indicações que tinham eram de que ela era espancada se
fizesse barulho, por isso aprendeu a não vocabulizar.
Estudos desenvolvidos com Genie revelaram uma atividade
anormalmente elevada durante o sono. Isto despertou uma questão que duraria
anos: o cérebro de Genie foi danificado pelos anos de abuso ou tinha
retardamento mental desde que nasceu (como alguns cientistas alegavam devido à
sua elevada atividade cerebral durante o sono)?
Outra questão que se punha era a existência ou não de uma
idade crítica para aprender a linguagem. Poderia uma adolescente aprender a
falar?
Foram evidentes os progressos relativos à linguagem
ocorridos com Genie, colocando-se a hipótese de não existir um período crítico
para aprender a linguagem.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOBA9rKcAGbalZ0PJBvy015mwZ5Hb9N0YLe5mdUmtd_10VotqqtpjOJsXDmxexM7rTcegHgJ3pXjVK_A8sST7uKn70-pNegtxC8GzSi7AmiRIfnIP79f3jMbFr-fM5AJLWNU6BTKwrTtg/s320/Genie+1.jpg)
Genie melhorou ao poder relacionar-se com pessoas, mas… Terá
sido a investigação eticamente bem conduzida?
Inicialmente, a ideia que dá é que os cientistas quiseram
estudar a criança no sentido de a integrar na sociedade e de a tornar uma
criança perto do normal, mas parece-nos que os interesses da investigação foram
por vezes colocados à frente do bem-estar de Genie.
Todos quiseram ficar com ela e essa disputa não foi benéfica
para a sua evolução cognitiva.
No tempo que passou com Marilyn e a família, a melhoria foi
significativa, mas em certas situações Genie foi demasiado forçada a dar
respostas, existiu pressão excessiva no processo de aprendizagem de Genie.
Também a confrontação com o passado foi profundamente negativa para a criança e
uma ideia completamente desadequada da parte do investigador.
Apesar das críticas que se possam fazer do ponto de vista
ético, é legítimo dizer que a única vida que teve Genie foi enquanto esteve na
companhia dos cientistas.
A má condução da investigação levou a que fosse cortado o
financiamento ao caso e Genie deixasse de ser acompanhada. Outro ponto
discutível é o alheamento dos cientistas logo que o financiamento foi cortado;
aqui parece-nos que não foi tida em conta a vida da jovem e a sua inclusão num
jardim-de-infância é perfeitamente desadequada.
Do ponto de vista científico, as questões centrais da
investigação terão ficado sem resposta. No decurso da investigação, com a
evolução de Genie, pairou a ideia de não haver uma idade crítica para aprender
a linguagem.
Uma criança como Genie poderia aprender o vocabulário, mas
nunca tão elaborado como uma criança normal e com menos evoluídos processos
cognitivos associados.
Quanto à origem do retardamento mental, muitos deram a sua
opinião, mas nunca se conseguiu chegar a uma resposta concludente.
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